Para entender as tendências no agronegócio, é preciso compreender que o Brasil vive um momento de forte turbulência econômica, e isso tem influenciado diretamente o crescimento do país.
Prova disso é que, nos últimos 2 anos o PIB (Produto Interno Bruto) vinha sofrendo com resultados negativos seguidos, mostrando que a economia brasileira estava retrocedendo.
No entanto, mesmo que lentamente, as coisas estão melhorando, e os resultados mais recentes do PIB nacional apresentados pelo IBGE mostram que o Brasil enfim retoma seus passos para sair da maior recessão da sua história.
Segundo os dados do IBGE, o primeiro trimestre de 2017 se encerrou com um crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB), entretanto, os números não são tão animadores assim, já que a indústria teve resultados fracos neste período, cresceu somente 0,9% no período, e o ramo dos serviços se manteve estável.
Quem pode comemorar é a agropecuária, porque o crescimento deste setor foi de 13,4%, mostrando sua força na economia nacional. Isso revela que, se o Brasil está saindo da crise, devemos agradecer ao esforço do agricultor brasileiro, que pode comemorar os resultados.
No entanto, para que o setor mostre a sua importância dentro da economia brasileira, os produtores precisam estar atentos a algumas tendências no agronegócio que vão indicar o comportamento do mercado em um futuro próximo.
Essa conjuntura de tendências no agronegócio será guiada pelo ambiente social, devido ao crescimento da população mundial e sua necessidade por alimentos, ambiente econômico e a relação do agronegócio brasileiro com o mercado interno e externo.
Além desses, a tecnologia na busca pela maior produtividade, qualidade e lucratividade e por fim, mas não menos importante, as tendências ambientais que estarão intimamente relacionadas com as práticas conservacionistas e sustentáveis também serão fatores de influência.
Você conhece essas 4 tendências no agronegócio brasileiro? Confira.
1. Tendências Sociais
O mundo muda é preciso seguir as tendências no agronegócio
No âmbito mundial, três acontecimentos sociais serão uma tendência forte em um futuro nem tão distante assim. O primeiro se relaciona ao crescimento populacional: já somos 7,3 bilhões de habitantes no planeta; em 2030 seremos 8 bilhões e em 2050 teremos atingido a marca de 10 bilhões.
O segundo acontecimento se refere à tendência de elevação da riqueza mundial. Isso porque, cerca de três bilhões de pessoas estão tentando subir na classe socioeconomica. Dessa forma, a tendência é que sejam mais consumidos carne, leite e ovos. Agregado a isso, a produção da ração de bovinos, suínos e aves (que fornecerão tais alimentos) dependem do intenso consumo de diversos grãos (daí a necessidade de aumentar a produção destes).
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O terceiro acontecimento se relaciona à imensa quantidade de grãos que está sendo convertida em etanol para mover carros – considerando que a tendência é de crescimento dos combustíveis renováveis, devido à iminente escassez do petróleo.
Parte destes acontecimentos deverá ter franca participação do agricultor brasileiro, já que nosso agronegócio é amplamente reconhecido, sendo estratégico no âmbito mundial. Temos a maior bacia hidrográfica do mundo, nosso clima é favorável e temos grande potencial de terras agricultáveis.
Já somos o quarto maior produtor de cereais do mundo e continuamos batendo recordes de produção e de exportação agrícola anualmente. Dessa maneira, a tendência é que, com o crescimento populacional seguido pela maior demanda por alimentos e combustível limpo, o Brasil aumente sua participação no agronegócio mundial, gerando ainda mais renda para a elevação do PIB nacional.
Porém, para isso, é necessário que algumas medidas sejam tomadas para seguir as demais tendências no agronegócio – e elas se relacionam à tecnologia, economia e sustentabilidade.
2. Tendências Tecnológicas
Em prol da produtividade
Nos últimos anos, a tecnologia evoluiu de maneira quase que exponencial, e é claro que o agronegócio segue essa tendência na mesma velocidade. Por isso, para que o país continue crescendo, e consiga atender a necessidade de todos os mercados, os produtores precisarão agregar valor aos seus produtos, e tal avanço só pode ser feito pela incorporação contínua de novas tecnologias, outra das tendências no agronegócio.
Hoje, um verdadeiro arsenal hi-tech já tem ajudado o agricultor a adequar máquinas, monitorar o solo, fazer análise do clima, além de muitas outras ações – e isso vem otimizando a produção e reduzindo impactos ambientais.
A tendência para os próximos anos é que as propriedades sejam totalmente otimizadas e mais automatizadas. Com a agricultura 4.0, monitorar o desempenho das lavouras e dos animais será uma atividade facilitada com o advento de diversos sistemas de coleta automática de dados, tudo em tempo real, possibilitando mais informação e maior respaldo para a tomada de decisão. No nosso artigo 6 principais tecnologias que estão mudando a vida do agricultor falamos um pouco mais sobre algumas dessas tecnologias que podem contribuir até mesmo com produtividade e eficiência dos agronegócios.
Outra das fortes tendências no agronegócio tecnológicas são os avanços em biotecnologia, que estão transformando os mercados e ampliando as oportunidades na agricultura e na bioindústria. Num contexto mundial, o Brasil vem ganhando participação importante, vide diversas variedades de plantas (produzidas por grandes empresas do mundo todo) que levam em conta os aspectos climáticos, de solo e tipo de pragas recorrentes no país.
Para priorizar tanto a sustentabilidade como o aumento da produtividade, algumas inovações ocorrerão também na área “nano”. A nanotecnologia surge como uma forte tendência do agronegócio, funcionando como um complemento às tecnologias dentro da agricultura 4.0 e da Big Data.
As pesquisas com os nanomateriais terão como foco a redução da quantidade de produtos químicos aplicados nos vegetais (com aplicação mais eficiente de defensivos agrícolas), da perda de nutrientes em fertilização, na menor administração de medicamentos em animais, além de aumentar a vida útil dos produtos nas prateleiras, diminuindo o desperdício.
É consenso entre os pesquisadores que inovação é (e será por um bom tempo) a palavra central quando falamos de tecnologia, já que essas novidades não param de ser apresentadas.
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3. Tendências Econômicas
Os mercados necessitam de produtos diferentes
O Brasil tem capacidade de criar parcerias agrícolas com todos os países do mundo, inclusive aqueles com maior crescimento populacional e econômico do mundo, como os Tigres Asiáticos e os países árabes. Esses são os chamados mercados em desenvolvimento e necessitarão dos produtos brasileiros. Os países das três Américas e da Europa já são parceiros históricos e considerados mercados maduros e com estreita relação com o Brasil.
Porém, a verdadeira tendência que devemos considerar é saber diferenciar mercados maduros dos em desenvolvimento, que costumam comprar alimentos em maior volume, objetivando suprir as necessidades de consumo da população crescente – e esse tipo de negócio o Brasil já faz com excelência. Os mercados maduros costumam pagar mais pelos produtos adquiridos, isso porque buscam maior qualidade. Essa diferenciação é uma forte tendência do agronegócio mundial, e por isso deve estar bem clara no momento do produtor brasileiro posicionar seus produtos no mercado internacional.
Para os mercados considerados maduros, os setores do agronegócio brasileiro tendem a buscar, também, os que estão fora das grandes e importantes commodities. Tal fato já vem ocorrendo, já que marcas diferenciadas vêm ganhando destaque, valorizando e agregando aos seus produtos as novas exigências do atual consumidor globalizado, caso da sustentabilidade, saudabilidade e praticidade. Para esses mercados, o investimento mais maciço em marketing é uma forte tendência.
Dessa forma, mesmo já sendo um importante exportador de commodities, o Brasil precisa buscar se diferenciar e atender um maior número de mercados. Um exemplo é o aumento das exportações da soja, que pode ser comerciada in natura ou processada, atendendo o volume e a qualidade requisitados por todos os mercados.
Dessa forma, quanto mais os processos são mantidos dentro do país, mais estaremos agregando valor e mais riqueza é gerada internamente, pois há um maior atendimento a mercados mais exigentes tanto em volume quanto em qualidade.
Além disso, seguindo a tendência econômica, é esperado que exista queda de barreiras tarifárias e não tarifárias dos produtos agrícolas brasileiros, aumentando o intercâmbio no mundo todo, tendo como exemplos o açúcar e as carnes. Para isso, as políticas de relacionamento com o mercado externo serão imprescindíveis.
4. Tendência Sustentável no Agronegócio
Produtividade aliada à sustentabilidade
O meio ambiente é um componente importante que há décadas não era considerado na produção agrícola da forma que deveria – prova disso são os milhões de hectares de terras degradas no Brasil todo. Porém, por pressão interna e externa, e devido à maior conscientização, as coisas estão mudando. Assim, a forte integração com a sustentabilidade tende a ser, sem sombra de dúvidas, uma das tendências no agronegócio que objetivam agregar valor aos produtos, gerando maior rentabilidade e priorizando o meio ambiente.
Dessa forma, tecnologias que conservem água, florestas e a fertilidade natural das terras serão o futuro do agronegócio brasileiro. Seguindo essa conjuntura, a Floresta Amazônica já vem sendo objeto de uma política específica conservacionistas do país, tendo a sustentabilidade como uma das palavras-chave.
Além do mais, a tendência é teremos maior atenção para com nossos recursos hídricos, haja visto que a disponibilidade destes recursos será de fundamental importância para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, garantindo segurança alimentar para toda a cadeia.
Os negócios agro sustentáveis também são uma forte tendência do setor. Prova disso é a produção de energia limpa, que já é um mercado em ascensão no país, podendo ser extremamente lucrativo para o empreendedor brasileiro. O investimento em projetos agrícolas voltados para a produção de energia solar, eólica e de biomassa tende a ampliar a competitividade das empresas que desejam crescer no setor do agronegócio.
Por fim, a “Economia Verde” é uma tendência que está se expandindo entre os grandes mercados do mundo, caso dos EUA e da Europa, e vem se tornando bastante relevante no processo decisório de importação de produtos agrícolas. Há, também, uma forte tendência relacionada a essa economia verde, intitulada “Pegada de Carbono”, que será o diferencial dos exportadores atentos às novas exigências dos consumidores externos, que dão preferência a produtos que tenham o selo de carbono zero.
Você está atento a todas essas tendências no agronegócio brasileiro? Se ainda não, está na hora de ponderar adequações priorizando essas premissas. O PIB brasileiro agradece.
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