Em todo o mundo, a fabricação de ração animal atingiu um total de 1.07 bilhão de toneladas produzidas em 2017, números superiores em 2,57% quando comparado ao ano de 2016.

Na América Latina, a liderança é do Brasil, cuja produção em 2017 foi de 69.9 milhões de toneladas produzidas. Globalmente, o país permanece em terceiro lugar, estando somente atrás da China e dos Estados Unidos.

Porém, mesmo diante da alta capacidade na fabricação de rações, alguns problemas podem trazer muitos prejuízos à cadeia, inclusive, já discutimos alguns destes problemas ligados ao processo de fabricação neste artigo.

Entretanto, os problemas podem também estar relacionados com a capacidade da empresa em escolher (comprar), estocar e usar os insumos destinados a fabricação de ração animal.

Por isso é importante que fábricas de ração nacionais priorizem alguns cuidados quanto a essas importantes etapas no processo de fabricação, para garantir o atendimento a todos os padrões de qualidade e segurança exigidos pelo mercado e pelos órgãos reguladores.

Conheça neste post os 7 principais cuidados quanto à escolha e estocagem dos insumos para uma maior eficiência na fabricação de ração animal.

1. Cuidado com a disponibilidade de insumos

No Brasil, os principais insumos utilizados para a fabricação de ração animal são, basicamente, o milho e a soja. Cerca de 44 milhões de toneladas de milho e 16 milhões de toneladas de farelo de soja foram necessários para compor a ração no ano de 2017.

Assim, uma das mais recorrentes preocupações das empresas do setor está ligada ao fato de um possível desabastecimento de insumos que pode até, em alguns casos, paralisar a fabricação das rações comerciais.

Várias são as razões que influenciam a redução na oferta destes importantes insumos, dentre os quais podemos destacar a grande variação de preços e os estoques reduzidos presentes nos armazéns.

Porém, quanto ao preço, quase nada pode ser feito para deter variações dos insumos mais comuns, pois estes são commodities e o preço é regulado pelo mercado.

Desta forma é importante que as empresas ligadas à fabricação de ração animal busquem criar alternativas que atendam as expectativas do sistema produtivo quanto a disponibilidade da matéria-prima na fabricação de ração animal.

Nesta conjuntura, duas medidas podem ser importantes:

  • Buscar por insumos no exterior (especialmente no Mercosul): Esta medida pode se configurar como uma alternativa relativamente viável, até do ponto de vista financeiro;
  • Adoção do modelo de produção integrada, onde quem corre atrás do milho/soja são as cooperativas, cujos preços tendem a ser melhores quando comprados em maior escala.

2. Qualidade da matéria prima e do fornecedor

Em um de nossos posts, mostramos que os alimentos são compostos por macro e micronutrientes, onde cada um deles exerce maior ou menor importância no desenvolvimento dos animais.

Neste contexto, é praticamente impossível que a fabricação de ração animal disponha de boa qualidade se os ingredientes apresentam má qualidade (nutricional, principalmente); ou seja, um ingrediente de má qualidade gera uma ração de má qualidade, independentemente de quaisquer outros fatores da produção.

Portanto, a qualidade dos insumos se configura como o primeiro e o mais importante item na produção de rações. Para alcançá-lo, é preciso conhecer a fundo os ingredientes e seus fornecedores.

Assim, a garantia da qualidade da ração animal inicia-se no processo de negociação e compra da matéria prima. Por isso, o comprador ganha papel decisivo na tomada de decisão para que o produto final tenha a qualidade desejada.

O comprador ou responsável precisa estar ciente que ele será a primeira pessoa designada para a elaboração de uma ração de alta qualidade, seja ela na questão física, sanitária ou nutricional.

Este profissional deve sempre ter bom relacionamento com os fornecedores de insumos e ingredientes, selecionando e cadastrando os melhores em vários quesitos de significativa importância, como oferta de produto, frete, distância para a fábrica e, principalmente a qualidade da matéria-prima.

Priorizar o preço da matéria prima também é importante, entretanto a indústria de fabricação de ração animal, representada pelos seus compradores, precisa aliar o preço com a qualidade do produto.

3. Garantia da qualidade dos insumos no ato do recebimento

Fabricação de ração animal

Outro cuidado fundamental para que a fabricação de ração animal atinja os objetivos esperados pela indústria é a garantia da qualidade dos insumos recebidos regularmente, visto que pode haver contaminação durante tanto no carregamento quanto no transporte.

Neste sentido, para garantir que estes insumos atendam todos os padrões de qualidade previamente estabelecidos, é fundamental que todas as matérias primas recebidas para o processo de fabricação de ração animal passem por rigorosos controles de qualidade.

Assim, para que haja total controle a indústria deve exigir a apresentação de laudos e certificados de qualidade por parte do fornecedor, além de realizar todas as análises de umidade e granulometria no momento do recebimento da matéria prima, liberando a carga somente após a aprovação do setor de qualidade.Fabricação de ração animal

Além disso, é fundamental que a indústria disponha de todos os equipamentos necessários para manter ou melhorar a qualidade dos insumos utilizados na fabricação de ração animal.

Para isso, algumas exigências mínimas devem ser seguidas para que o processo de recepção e armazenamento seja eficaz. São elas:

  • Quanto à estocagem, os silos devem ser bem projetados e com uma capacidade para pequenos volumes (não maiores do que três mil toneladas);
  • Tanto as capacidades de recepção quanto de beneficiamento devem ser compatíveis com a capacidade da fábrica;
  • Os silos devem ter termometria e aeração, preferencialmente monitorados automaticamente;
  • A fábrica deve ter instalado uma miniestação meteorológica próxima à estrutura de armazenamento a fim de permitir o uso da curva psicométrica;

4. Tenha cuidado com alguns ingredientes alternativos

Em praticamente todo o mundo, o milho e o farelo de soja são os principais ingredientes utilizados na formulação de rações, sendo as dietas a base desses ingredientes um padrão pelo qual são comparadas outras dietas e ingredientes.

Porém, há casos onde o custo desses ingredientes se eleva muito, tornando a fabricação de ração animal muito cara. Assim, muitas fábricas buscam fontes alternativas de alimentos onde são utilizadas em substituição às fontes tradicionais.

Porém, há algumas fontes alternativas que podem trazer sérios problemas no processo de fabricação de ração animal. É o caso dos subprodutos da pecuária que são processados para a obtenção de farinhas de origem animal (FOA). Porém, estes devem ser adquiridos com muito cuidado por parte da fábrica de ração.

Além de toda a documentação no ato do recebimento da matéria prima, a fábrica de ração deve comprovar a qualidade por meio de análises físico-sensorial, químicas e biológicas.

Quando se trata de subprodutos de origem animal (caso das farinhas), um cuidado ainda mais fino é necessário, pois esses ingredientes apresentam dificuldade de padronização em função do processo produtivo e da origem dos resíduos que compõem as farinhas.

Para saber mais sobre os ingredientes alternativos na alimentação animal, leia este post exclusivo, produzido pela equipe da Multitécnica.

5. Estocagem e armazenamento dos insumos

Para fábricas de ração, o processo de estocagem e armazenamento tem o mesmo grau de importância que os procedimentos ligados à recepção dos insumos, por isso necessitam também de cuidados importantes.

Dessa forma, os ingredientes armazenados nas dependências do estabelecimento deverão ser mantidos em condições que evitem a sua deterioração e mantenham suas características padrão.

Também é importante que seja assegurada a rotatividade dos estoques dos ingredientes e insumos, utilizando-os de acordo com o método PEPS: “primeiro que entra, primeiro que sai”.Fabricação de ração animal

Quando recebidas e descarregadas, as matérias primas ensacadas devem ser armazenadas sobre peletes e distantes da parede com no mínimo de 45 cm de distância, permitindo a limpeza e inspeções das dependências, além de melhorar o arejamento e os espaços, facilitando operações de controle de pragas.

Estas matérias primas ensacadas necessitam de maiores cuidados quanto à identificação dos rótulos e lotes, em especial produtos medicamentosos, aditivos e minerais, que devem ser cuidadosamente catalogados para que se evite seu uso indevido, principalmente quanto às suas concentrações.

Já a estocagem de produtos a granel deve ser muito bem controlada, evitando-se misturas de ingredientes com características de qualidade diferenciada ou produtos diferentes, sempre mantendo preocupação quanto a umidade e a temperatura do ambiente.

Os cuidados durante esse processo estão particularmente relacionados com o tipo de produto armazenado, com as condições do galpão e dos equipamentos designados para a armazenagem.

6. Rastreabilidade dos insumos destinados à fabricação de ração animal

Ainda quanto à qualidade, a indústria deve garantir a rastreabilidade de todos os materiais utilizados no processo de fabricação de ração animal. Esse processo permite controlar e gerenciar as informações referentes a um processo ou procedimento específicos.

Com a rastreabilidade é possível recuperar um histórico, da aplicação ou da localização de uma atividade, um processo e principalmente de um produto, mas para isso é fundamental que haja informações registradas anteriormente.

Os cuidados com a rastreabilidade exercerão influência desde a compra dos ingredientes até o consumo final enquadrando todas as etapas ligadas à recepção, estocagem, mistura, expedição e no consumidor final.

7. Treinamento de funcionários e compradores dos insumos

Todos os cuidados na escolha, compra, recepção, estocagem e armazenamento até aqui citados dependem exclusivamente da tomada de decisão. Dessa forma, é fundamental a máxima atenção à qualidade da mão de obra designada para o processo de escolha e fabricação de ração animal.

Assim, é imprescindível que os funcionários de todas as áreas recebam treinamento para que os insumos utilizados na fabricação de ração mantenham um padrão de qualidade exigido pela fábrica.

Os compradores devem receber treinamento para garantir um bom relacionamento com os fornecedores dos insumos na compra e escolha de um produto de qualidade.

Já os trabalhadores designados à recepção das cargas devem estar treinados para tomarem decisão de liberar (ou impedir) uma carga com base em uma análise sensorial, química e física baseada na cor, odor, tamanho das partículas, umidade, temperatura e gordura ao tato, além de possíveis empedramentos ou presença de matérias estranhas.

Com esses cuidados, a fabricação de ração animal será mais eficiente e segura, oferecendo melhores rações aos animais. Para saber mais sobre Segurança em Nutrição Animal, receba nosso catálogo aqui.

Fabricação de ração animal

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