O setor de nutrição/produção animal está evoluindo de forma bastante rápida. Toda essa evolução é devido ao constante desenvolvimento das áreas de melhoramento genético, manejo, ambiência, sanidade e nutrição animal.
O aperfeiçoamento de todos esses fatores aumenta significativamente a produtividade dos animais em produção, tornando-os mais eficientes e aumentando a lucratividade. Isso obriga ás indústrias de rações a aprimorarem seus procedimentos, adequando-os ao avanço das tecnologias de produção em todas as suas vertentes.
No entanto, mesmo com toda a tecnologia, alguns problemas e falhas ainda se fazem presentes na fabricação de ração animal, reduzindo a qualidade do produto final e comprometendo o desempenho dos animais.
Problemas como falha na amostragem ou nos equipamentos, sujidades, análises bromatológicas e microbiológicas ineficazes ou irregulares, controle de pragas ruim e formulações incorretas são somente alguns dos problemas que podem ocasionar perda de eficiência.
Por isso, evitar ao máximo a ocorrência de tais problemas deve representar ação prioritária na fabricação de ração animal, tornando-a mais eficiente em todos seus aspectos.
Mas, como posso fabricar a melhor ração, ao menor custo, com a mínima ocorrência de falhas? Buscaremos responder seus questionamentos neste post. Acompanhe.
Erros mais comuns na fabricação de ração animal
Os erros que porventura podem reduzir a qualidade da ração são extensos e precisam ser reduzidos de forma ininterrupta. Vejamos a seguir quais são os erros mais comuns, com suas respectivas soluções.
1 – Falhas durante a formulação da ração
Em um de nossos posts intitulado “Nutrição Animal: nutrientes e aditivos essenciais para alimentar bovinos, suínos e aves”, discutimos o quão importante são os nutrientes para o crescimento, manutenção e produção dos animais.
De fato, a nutrição animal é uma ciência que depende da combinação de diversos ingredientes. Estes por sua vez, são variáveis e apresentam grande variação quanto aos minerais, vitaminas, proteínas, lipídeos, fibras e carboidratos.
A combinação desses elementos, seguindo proporções corretas, será a responsável pelo sucesso da fabricação de ração animal.
Porém, o que ocorre é que falhas na formulação e suas dosagens (devido à má qualidade do ingrediente, ou baixa capacitação do profissional) podem comprometer o desempenho dos animais, ocasionando doenças, perda de peso, baixa produtividade e até a morte do animal.
A solução se baseará em duas medidas:
– Alicerçar a formulação da dieta no valor nutricional dos ingredientes e na necessidade dos animais. Assim, a nutrição irá suprir toda demanda diária dos animais.
– Mão-de-obra capacitada: Sem um formulador (nutricionista/zootecnista) especializado, dificilmente a formulação ficará balanceada. Portanto, tenha a seu lado sempre um profissional capacitado.
2 – Negociação com fornecedores não certificados
Ainda sobre a formulação, negociar a compra de ingredientes com vendedores não certificados pode acarretar em ingredientes com alta toxidade ou com teor nutrientes super ou subestimados, comprometendo a formulação.
A solução para isso é simples.
Basta você buscar fornecedores sempre idôneos e certificados, além de, corriqueiramente realizar análises (bromatológicas e físico-químicas) nas matérias-primas recebidas.
Esta mesma preocupação deve ser seguida, caso você, por questões de melhoria custo-benefício, opte por utilizar ingredientes alternativos. Saber quais são as características destes ingredientes será necessário.
Para saber mais sobre os ingredientes alternativos, aconselhamos que leia nosso post que trata exatamente deste tema para a alimentação de bovinos, aves e suínos. Vale a pena conferir.
3 – Falhas no processo de fabricação da ração animal
No processo de fabricação de ração animal, outros erros também podem ser cometidos, podendo comprometer a eficiência e qualidade da atividade. A utilização de mãos ou pás para fabricar a ração é um deles.
Isso porque, tal ação pode não proporcionar uma distribuição uniforme dos nutrientes, além de levar sujidades à ração (contaminação cruzada), comprometendo a sua qualidade final.
A solução se baseará na utilização de misturadores, responsáveis pela mistura uniforme de todos os ingredientes.
Lembrando que após o uso, o misturador deve ser sempre limpo, isso evita que a “batida” de uma ração, contamine a batida seguinte, caso sejam rações diferentes.
4 – Contaminação cruzada dentro do processo de fabricação
Ainda sobre as falhas na fabricação podemos citar a contaminação cruzada como um sério problema.
Quando determinado produto entra em contato com outro indesejável durante o processo de fabricação da ração animal, seja pelo contato entre ingredientes, insumos, superfícies ou ambientes, ocorre o que chamamos de contaminação cruzada.
Para evitar ao máximo a contaminação cruzada, é importante que você siga algumas dicas:
- A. No processo de fabricação de ração animal, estabeleça uma sequência de produção e transporte de ingredientes e produtos. Isso evita a contaminação cruzada com outras rações ou ingredientes;
- B. Caso necessário, estabeleça limpezas de linha, garantido a integridade do produto fabricado ou transportado;
- C. Não receba produtos avariados dos fornecedores, visto que você não sabe qual foi a extensão da exposição do produto a contaminantes externos;
- D. Evite que resíduos e lixos sejam retirados no mesmo local que as matérias-primas ou produtos acabados.
5 – Infraestrutura deficitária
Sem dúvidas, uma infraestrutura não compatível com as necessidades e que não receba a devida manutenção é um passo importante para o surgimento de falhas na fabricação de ração animal.
Assim, silos, moegas e poços mal vedados devem receber atenção especial para que não comprometam a qualidade do trabalho, assim como coberturas (telhados) sem a devida manutenção, causadores de goteiras ou infiltrações.
Uma ventilação compatível com as necessidades também é imprescindível.
Além disso, a recepção e o beneficiamento da matéria-prima devem ser compatíveis com a capacidade de armazenamento da fábrica. O controle da umidade também pode ser uma falha que necessita de cuidados.
Na fabricação de ração animal existem limites de tolerância para o teor de umidade de armazenamento em função da situação e da condição específica. Monitorar constantemente estes limites é fundamental.
Outro aspecto crítico, em relação à umidade, é a secagem. Muitos dos profissionais responsáveis pela formulação não respeitam os limites máximos de temperatura de secagem, que varia entre 110 a 120ºC. Portanto, mantenha a temperatura de secagem sempre nestes patamares.
6 – Presença de pragas (roedores, pássaros, insetos e microrganismos)
Eliminar os roedores e demais pragas é praticamente impossível, você terá que conviver com eles. No entanto, você deve seguir um plano de controle para que a população destes visitantes indesejados não cresça a ponto de causar problemas.
Logo, como medidas de controle aconselha-se a utilização de telas e destinação correta dos resíduos. Aconselha-se também a utilização de meios químicos, como a desratização e dedetização, feitos por empresas terceirizadas capacitadas.
Para todos esses problemas na fabricação da ração animal, a adoção das boas práticas de fabricação (BPF) representa um conjunto de medidas que traz grandes avanços.
Com a aplicação das BPF será possível melhorar as condições de trabalho dos manipuladores, assim como, a qualidade do produto final.
O que preciso para fabricar uma boa ração?
Ao ler este post, você deve ter se perguntado: O que preciso para conduzir a fabricação da ração animal com eficiência, deixando as falhas afastadas?
Você está certo, é necessário impedir que as falhas apareçam do que combatê-las, ou seja, melhor do que combater as falhas, é mais importante impedir que apareçam.
Para isso, você deve, primeiramente, ter uma boa gestão em todos os sentidos. Porém, três devem ser as suas preocupações iniciais quando for trabalhar com a fabricação de ração animal. São elas:
- Nutrição
Oferecer uma nutrição de qualidade aos animais, com todos os elementos essenciais para produzir (carne, leite, ovos, etc) é fundamental.
Em razão disso, formular uma boa ração se configura como o ponto de partida na garantia da qualidade nutricional para qualquer animal de produção.
- Suprimentos (matéria-prima):
Você deve sempre adquirir matérias-primas que atendam todos os padrões de qualidade. Para garantir a qualidade, busque seguir padrões para a aquisição juntos aos seus fornecedores, faça também uma boa amostragem na chegada da matéria-prima.
- Sistema de Produção/fabricação:
Ter uma boa fábrica (com um bom processo de fabricação) é muito importante, haja visto que tal ação terá grande participação na redução de falhas.
Assim, seu processo de produção deve ser capaz de preservar a qualidade das matérias-primas, deve também conseguir traduzir fielmente a fórmula em ração, tudo em prol da máxima qualidade.
Além destes fatores, toda boa fábrica de ração animal deve ser flexível para receber, beneficiar e estocar todas suas matérias-primas. A fábrica deve também permitir uso de matérias-primas alternativas e/ou alterações no processo produtivo como um todo.
Portanto, para que falhas fiquem longe do seu processo de fabricação é fundamental que você (junto com a sua equipe) elabore um roteiro capaz de fazer o diagnóstico e o controle de pontos críticos de controle de sua fábrica. Veja a seguir um roteiro reduzido sobre o assunto.
Roteiro para elaborar o diagnóstico e controle de pontos críticos
O ato de fabricação de ração animal é um processo relativamente complexo, que envolvem inúmeras variáveis. Falhas na condução de uma ou mais variáveis podem prejudicar o desempenho de toda a atividade.
Por isso, identificar quais são as possíveis futuras falhas é ação fundamental na busca pela melhora da qualidade. Nesta conjuntura, diagnosticar os possíveis riscos e controlar os pontos críticos durante a fabricação de ração animal são ferramentas indispensáveis para alcançar a máxima qualidade.
Dessa forma, para que você consiga ser eficiente na análise dos pontos críticos, você deve estabelecer um roteiro, seguido de um plano de ação.
Basicamente, seu roteiro deve seguir as seguintes etapas:
- 1. Estabelecer quais são seus objetivos (suas metas) ligados à fabricação de ração animal;
- 2. Formar uma equipe que será responsável pela avaliação/diagnóstico;
Nesta etapa é importante abrir um parêntese. Tanto a formação quanto a manutenção da equipe de trabalho representam um processo fundamental.
Em razão disso, a participação dos colaboradores deve ser ampla, principalmente quanto a discussão e avaliação dos pontos críticos da fábrica.
Quando bem conduzida, esta etapa poderá servir como uma convidativa oportunidade de treinamento da equipe, onde as pessoas devem estar alinhadas com a necessidade, buscando querer assumir a responsabilidade do problema para si.
- 3. Descrever todos os processos para a fabricação de ração animal, com consequente elaboração dos roteiros e dos manuais, eventualmente;
- 4. Estabelecer controles para os pontos críticos, ou seja, estabelecer o plano de ação. Neste contexto, vale ressaltar que você deve agir na causa e não no efeito do problema;
- 5. Estabelecer planos corretivos às falhas encontradas;
- 6. Revisar os diagnósticos e planos de ação de forma constante e ininterrupta. Este processo deve funcionar como uma espécie de PDCA (Plan, Do, Check, Action).
- 7. Feedback sobre as ações realizadas.
Quer saber mais sobre os ingredientes e aditivos na fabricação de ração animal? Então contate nossos consultores. Eles estão a sua espera para dar maiores informações!