Mulher no Agro - dia das mulheres

Que a mulher vem, a cada dia, ampliando o seu espaço no mercado de trabalho, não é mais novidade. E que ocupa, também de maneira crescente, com desenvoltura e eficiência, cargos de chefia antes só destinados aos homens, idem. E o mês de março, com seu oitavo dia comemorado internacionalmente, é sempre propício para registrar, reconhecer e enaltecer essa transformação pela qual passa a sociedade como um todo. Principalmente aqui no nosso setor, o agronegócio, território ainda considerado tão masculino.

O programa Agro Mais Mulher, desenvolvido em conjunto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegou a conclusões surpreendentes sobre a realidade das mulheres rurais brasileiras. Uma delas é que quase um milhão de mulheres são responsáveis pela gestão de propriedades rurais no País. A pesquisa também aponta que, juntas, essas mulheres administram aproximadamente 30 milhões de hectares, equivalentes a 8,4% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no Brasil.

Não é só. O Censo Agropecuário de 2017 apontou que, dos mais de cinco milhões de estabelecimentos rurais identificados, 19% têm mulheres como proprietárias. Isso significa um crescimento de mais de 6% em relação ao mesmo estudo de 2006. Além disso, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apurou que a participação feminina no setor cresceu de 24,11% em 2004 para 27,97% em 2015, enquanto o número de homens caiu 11,6%.

A participação feminina é ainda maior (34,75%) quando somadas as mulheres que administram o estabelecimento agropecuário junto com o cônjuge – o que comprova a importância da boa integração entre homens e mulheres dentro das propriedades rurais.

Esse novo panorama estende-se também às empresas do setor. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em apenas quatro anos, entre 2013 e 2017, houve um aumento de 21% no número de mulheres que ocupam postos de decisão nas empresas do setor entre os anos de 2013 e 2017. Na raiz de toda essa transformação está, provavelmente, a capacitação profissional cada vez mais buscada pelas mulheres, por intermédio de inúmeras plataformas e ferramentas.

Aqui mesmo, na Multitécnica, temos diversos exemplos de mulheres que superaram barreiras e adversidades e se firmaram como executivas importantes no agronegócio. A engenheira agrônoma Mariela Medeiros Lopes Silva é mestre em Produção Vegetal e ocupa o cargo de coordenadora comercial de contas corporativas na companhia. Ela conta que escolheu a agronomia ainda adolescente, por influência do pai, que já enxergava o agronegócio como protagonista em diferentes setores da economia. “Ele mostrou como o curso me traria inúmeras possibilidades”.

“Me recordo com muita clareza: na escola onde estudei, fui a única mulher a fazer o vestibular para agronomia. Hoje, fico extremamente feliz ao constatar que a representatividade da mulher no agronegócio só cresce, antes e depois da porteira, em todos os segmentos: nas diretorias de marketing, nas companhias de insumos, de maquinas agrícolas… Temos mulheres à frente em revendas e cooperativas, nas indústrias de alimentos, tradings, consultorias… E também em vendas.” Para ela, um diferencial das mulheres é estarem sempre prontas a buscar o “novo”. “Em vendas, por exemplo, no meu cargo atual, enxergo que as mulheres têm uma grande capacidade de comunicação, organização, planejamento e preparação na negociação. Temos maior facilidade para entender que o processo de prospecção é tão importante quanto a decisão da compra e o fechamento do negócio”, afirma.

Já Marina Medeiros Lopes Silva, engenheira química por formação, atualmente ocupa o cargo de gerente de marketing, mas tem grande experiência em liderança de equipes, pois já foi coordenadora de produção e qualidade. Ela aposta em “qualidades femininas” para obter sucesso. “Trabalho dentro de uma indústria de fertilizantes em que 90% dos colaboradores são homens. Por diversas vezes estive em reuniões onde somente eu era mulher naquele ambiente. É uma batalha diária para nós, mulheres, criarmos e mantermos nosso espaço. Mas, o segredo, penso eu, é sermos, ao mesmo tempo, firmes e sensíveis; focadas e multitarefas”.

Talvez a maior prova da mudança de mentalidade que o agronegócio atravessa é que o cargo mais alto do setor, no País, é hoje ocupado por uma mulher, a ministra Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias.

Mas é fato, também, que essa evolução deve ser contínua. Pesquisas apontam que apenas 9,6% das mulheres do setor obtêm informações técnicas por meio de reuniões técnicas ou seminários – já entre os homens, o percentual é de 14,3%. No que diz respeito à participação em atividades associativas – como cooperativas, por exemplo – apenas 5,3% das mulheres são filiadas. O número é de 12,8% entre os homens. Como se vê, ainda há muito o quê melhorar.

 

Grupo Multitécnica | Dpto. de Comunicação e Marketing

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