Fertilizantes:
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Na busca por maiores incrementos produtivos, o estado nutricional de uma planta é fundamental para um bom desenvolvimento, crescimento e, consequentemente, produtividade. Os nutrientes são divididos em dois grupos, os macronutrientes e os micronutrientes. Ambos são elementos essenciais, pois atuam no metabolismo da planta: ele são insubstituíveis e, sem esses nutrientes, as plantas não completam seu ciclo.

Essa divisão é apenas quantitativa, pois os macronutrientes são requeridos em maiores quantidades (acima de 1.000 mg/kg de massa seca vegetal) quando comparados aos micronutrientes (abaixo de 100 mg/kg de massa seca vegetal). Para  explicar a essencialidade dos nutrientes, em 1873 um químico alemão, chamado Justus Von Liebig, criou a Lei do Mínimo, que explica que a falta de algum nutriente impede o ciclo vegetal, mesmo que os outros estejam presentes. Uma analogia é feita com um barril feito de ripas de madeira, em que a água contida dentro dele é a produção e cada ripa é um mineral essencial. Se começa a faltar algum mineral, a água começa a vazar do barril, ou seja, a produção começa a diminuir.

MACRONUTRIENTES:

Carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S).

  1. CARBONO

O carbono presente nas plantas é absorvido em maior parte do Co2 atmosférico. Nas plantas, esse carbono concorre com a absorção de oxigênio pelos estômatos das folhas – somente em algumas monocotiledôneas essa absorção é mais eficiente. O carbono é utilizado primordialmente para a produção de sacarose, que é o produto final da fotossíntese, ou seja, quanto mais carbono, mais produtiva será a planta.

  1. NITROGÊNIO

O nitrogênio é absorvido pelas raízes quando está presente no solo na forma de NO3-  e NH4+. A maior parte do nitrogênio presente no planeta está em forma gasosa, N2. Para que o nitrogênio da atmosfera se transforme passível de absorção pelas plantas, existem duas formas possíveis. A primeira é a fixação industrial, e basicamente o precursor de adubos nitrogenados costuma ser o amônio. A segunda é a fixação biológica do nitrogênio. A fixação biológica é um processo que conta com a simbiose entre plantas leguminosas e bactérias denominadas rizóbios. Isso acontece, pois essas bactérias fixam o N2 atmosférico, transformando-o na forma absorvível pelas plantas e formando nódulos radiculares. O processo de nitrificação pelas bactérias é influenciado por diversos fatores, como aeração do solo, pH do solo e alto teor de matéria orgânica para proporcionar um ambiente que beneficie a população de microrganismos.

O nitrogênio é o elemento requerido em maior quantidade pelas plantas e constitui vários compostos, incluindo todas as proteínas, pois é parte dos aminoácidos e ácidos nucleicos e, consequentemente, do DNA e RNA. A deficiência de nitrogênio inibe rapidamente o crescimento da planta, já que o desenvolvimento é impossível se não há constituintes para subsidiar esse processo.  Se a deficiência persiste, a maioria das plantas mostra clorose, especialmente nas folhas velhas, e também pode apresentar queda delas. A cor roxa pode aparecer, pois os carboidratos ociosos não utilizados no metabolismo do nitrogênio podem ser usados na síntese de antocianina. O nitrogênio também é precursor de hormônios vegetais, como a auxina e o etileno, faz parte dos núcleos porfíricos da clorofila dos citocromos, e também de coezimas como o NAD e o NADP.

  1. HIDROGÊNIO

O hidrogênio é absorvido pela planta na forma de H2O. Ou seja, é parte da água absorvida pelas raízes.

  1. OXIGÊNIO

O oxigênio é absorvido pelos estômatos das folhas na forma gasosa principalmente, e, com ele, realiza a fotorrespiração.

  1. FÓSFORO

O fósforo, apesar de ser um macronutriente requerido em pequena quantidade, é o mais usado na adubação. Os solos brasileiros normalmente apresentam carência de fósforo, e muitas vezes ele fica indisponível para as plantas, pois liga-se fortemente aos coloides do solo. É absorvido pelas raízes na forma dos ânions H2PO4- (quando em pH menor que 5) ou HPO42-(quando em pH entre 5 e 7).

As funções do fósforo na planta são diversas, como componente de ácidos nucleicos (formação DNA e RNA) e fosfolipídios de membranas. Ele influencia no perfilhamento de gramíneas, é usado para produção de nucleotídeos usados como fonte de energia (ATP) utilizado no processo de respiração e auxilia na fixação simbiótica de nitrogênio. Quando ocorre a deficiência de fósforo na planta, o sintoma mais característico é o aparecimento das cores arroxeada, devido ao acúmulo de antocianina, e verde-escura, ambas inicialmente nas folhas mais velhas, que indicam que o fósforo é um elemento móvel dentro da planta.

Um dos fatores importantes sobre a aplicação de fósforo é que a disponibilidade desse nutriente no solo está intimamente ligada ao pH do solo. Portanto, realizar calagem de solos ácidos antes da adubação fosfatada é de suma importância para que a aplicação não seja vã. O pH ideal para absorção de fósforo é de pequena amplitude, entre 5,5 e 7.

  1. POTÁSSIO

O potássio é absorvido na forma de cátion K+. Está presente na maior parte das adubações, utilizando o composto NPK (nitrogênio-fósforo-potássio). É um importante ativador enzimático em várias funções metabólicas, como respiração, síntese de carboidratos e proteínas e reações de fosforilação. Também é responsável pelo movimento estomático e na turgescência celular. Por ser um elemento móvel, tem atuação na distribuição dos carboidratos produzidos na fotossíntese. O principal sintoma da deficiência de potássio é a clorose marginal, que começa da pontinha da folha. Esses sintomas se desenvolvem para manchas necróticas e senescência das folhas mais velhas.

  1. MAGNÉSIO

O magnésio é absorvido pela planta na forma de Mg2+ e possui como função a redução do carbono para orgânico na síntese de carboidrato. Além disso, é componente da clorofila e ativador enzimático da rubisco e RNA polimerase, que são parte do processo fotossintético. O sintoma mais comum da deficiência de magnésio é a clorose internerval nas folhas mais velhas, demonstrando sua mobilidade.

  1. CÁLCIO

O cálcio é absorvido na forma de Ca2+, possui função estrutural na planta como constituinte da parede celular, mantém a integridade funcional das membranas, neutraliza ácidos orgânicos que são tóxicos e atua no desenvolvimento e funcionalidade das raízes. Serve ainda como agente desintoxicante na presença de metais pesados. Na situação de deficiência de cálcio ocorre necrose das regiões jovens da planta, indicando a baixa mobilidade desse elemento.

  1. ENXOFRE

O enxofre é absorvido pelas raízes, principalmente como SO42-  e sob a forma orgânica (aminoácidos), e pelas folhas como SO2 (gás) e enxofre elementar (S). Como funções na planta, o enxofre é constituinte e ativador de enzimas e atua na formação da clorofila e absorção de CO2. Os sintomas de deficiência de enxofre são semelhantes aos de nitrogênio, embora esse elemento seja pouco móvel na planta, o que direciona os sintomas de cor arroxeada e nanismo para as folhas jovens.

 

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