controle de pragas

A meta de todo agricultor é aumentar a produtividade para ter bons resultados em sua atividade. Para isso, ele se vale de diversas formas para garantir o aumento da sua produtividade agrícola, que vão desde novas técnicas de manejo até à adoção de tecnologias inovadoras.

Inclusive, já discutimos estas formas  recentemente publicado.

Porém, há uma séria ocorrência que pode atacar as lavouras no Brasil e trazer sérios danos se não for controlada. A infestação de pragas na lavoura.

A disseminação de pragas tem se configurado um dos problemas mais sérios da Agricultura Brasileira, comprometendo a produção e causando grandes prejuízos às safras.

Estudos apontam uma perda média anual considerável nos cultivos devido à ação de pragas, doenças e plantas daninhas. Como exemplo, na cultura da soja em alta produtividade, temos uma perda de 48,1 %(Pereira, 2009) isto é, nós colhemos cerca da metade do potencial produtivo devido as perdas. Na cultura do tomate, as perdas ainda são maiores, cerca de 58,4% ( Picanço et al 2007). Isto significa que  podemos dobrar a produtividade do tomate, se conseguirmos reduzir as perdas.

Devido à redução na produtividade e também na lucratividade do sistema, o controle de pragas é uma ação imprescindível. Já falamos em um que todo agricultor deve travar uma verdadeira “guerra” contra as pragas que podem assolar sua lavoura.

Porém, apesar da necessidade de controle de pragas na lavoura, muitos agricultores ainda têm muitas perguntas sobre o tema.

Para elucidar melhor o entendimento do agricultor sobre o tema, apresentaremos 7 perguntas – e suas respectivas respostas – sobre o tema.

Boa leitura!

1. Manejo convencional ou Manejo integrado de pragas (MIP). Qual escolher?

Antes da resposta desta importante questão, temos que entender os conceitos de manejo convencional e manejo integrado de pragas (MIP).

O sistema convencional se caracteriza por utilizar medidas de controle (geralmente o método químico) quando a praga já está presente, combatendo-a.

Seu uso não promove um controle de pragas adequado, pois age no combate às pragas e não no controle preventivo propriamente dito.  Além disso, o número de aplicações nessas lavouras é elevado, e esta prática normalmente se encontra entre os maiores gastos no custo de produção da fazenda,  além de poluir o ambiente e trazer problemas à saúde humana.

Diferentemente do manejo convencional, o MIP é um método seguro e sadio de controle, com algumas etapas que devem ser seguidas: A diagnose, ou seja, a identificação correta das pragas; a tomada de decisão de controle e a escolha correta do método de controle, ou seja, deve ser feita a amostragem das pragas e os níveis de controle para saber quais organismos devem ser controlados.

Uma das estratégias do MIP é o controle biológico, no qual teremos a ação de inimigos naturais na manutenção da densidade das pragas. Estes inimigos naturais podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias.

O controle biológico também têm algumas “desvantagens” que precisam ser ponderadas. Os resultados advindos do Controle Biológico não são tão rápidos como aqueles do uso de pesticidas, ademais a maioria dos inimigos naturais atacam somente tipos específicos de pragas, ao contrário dos inseticidas de grande espectro.

Atualmente, os programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) são caracterizados como um conjunto de práticas que inclua, além do próprio controle biológico, a rotação de culturas e o uso de variedades resistente e o uso racional de agrotóxicos. Ou seja, o ideal seria utilizar o controle biológico associado aos inseticidas seletivos. Com essa integração, o agricultor consegue um melhor resultado no controle de pragas.

2. Porque é importante identificar as pragas das lavouras antes de agir?

Na agricultura, diversos tipos de pragas podem ser as responsáveis por causar danos, incluindo insetos, fungos, plantas daninhas e doenças epidêmicas causadas por vírus. Conhece-las torna-se ação primária para um controle eficiente das pragas.

Há ainda aquelas pragas que ficam nas folhas (principalmente na face abaxial), outras atacam no momento da germinação da semente,  e ainda aquelas que podem ser responsáveis pelo crescimento anormal das folhas e frutos. Identificar este comportamento das pragas é essencial.

Controle de Pragas

Assim, para a correta identificação, deve-se levar em consideração a taxonomia, a biologia, os hábitos e hospedeiros das pragas. Tudo isso irá auxiliar o agricultor a agir de forma eficiente, escolhendo o inseticida e/ou meio de controle biológicos corretos.

Porém, devido à elevada quantidade de pragas catalogadas no Brasil, o processo de identificação nem sempre é fácil. Por isso, o auxilio de um agrônomo ou biólogo é fundamental.

Há também alguns aplicativos para smartphones que estão auxiliando o agricultor neste processo.

3. Como fazer a amostragem de pragas na lavoura?

Assim como a identificação, a amostragem da quantidade de pragas por área também é fundamental. A amostragem terá a função de estimar a quantidade real das populações, além de auxiliar na identificação correta das espécies mais frequentes, ajudando a definir qual método de controle utilizar.

Há vários métodos para a realização da amostragem das pragas. Vejamos alguns deles:

Exame das plantas

Neste exame, devem ser verificados as hastes, os pecíolos, os ponteiros e vagens. Esta análise das plantas é especialmente importante em lavouras com histórico da ocorrência de pragas.

Isso porque, os níveis de ação para o seu controle são baseados no número de insetos encontrados ou na porcentagem de danos dessas pragas nas diversas partes da planta.

Pano-de-batida

Esse é sem dúvidas, o método mais comum para auxiliar no controle de pragas. Neste processo utiliza-se um pano branco para facilitar a contagem de insetos. Este tecido é estendido entre duas fileiras de cultivo e preso em duas varas com cerca de 1m de comprimento. A seguir, uma dessas fileiras da planta compreendida pelo pano é sacudida vigorosamente.

Os insetos que caírem sobre o tecido devem ser contados e os dados são colocados no sistema de gestão. Deve-se repetir este procedimento em vários pontos da lavoura, garantindo uma compreensão mais clara das áreas atingidas.

Amostragem do solo

Recomendada para áreas com histórico de pragas presentes na raiz, como o percevejo-castanho-da-raiz. A amostragem deve ser realizada antes do plantio da cultura, visto que essas pragas atacam o plantio já no início do cultivo.

4. Calendarização de aplicações de inseticidas: Funciona?

Nas lavouras brasileiras, é cada vez maior o número de agricultores adotando o que chamamos de calendarização da aplicação dos inseticidas. Ou seja, aplicam inseticidas em datas previamente estabelecidas.

Fazendo isso, os agricultores dizem ganhar em eficiência e garantem que fazem “um eficiente manejo preventivo de pragas”. Mas isso realmente funciona no controle de pragas?

Pode até funcionar, mas não é totalmente aconselhável. Veja os motivos a seguir.

As Pulverizações que seguem um calendário podem resultar na aplicação de inseticidas quando a população está abaixo do nível de controle. Portanto, a aplicação representará desperdício de produtos, de mão de obra e de dinheiro.

Este tipo de aplicação também pode ser realizado em um momento em que o inseto já causou danos, ou seja, a intervenção foi tardia. Também pode haver um número de aplicações maior que o necessário, tendo por consequência um aumento do custo de produção, além de eliminação de agentes de controle biológico na área.

Por fim, as aplicações programadas resultam em aumento do risco de desenvolvimento da resistência, o que dificulta ainda mais o controle de pragas na lavoura.

5. Como ter eficiência na aplicação de defensivos no controle de pragas?

A aplicação de defensivos para o controle de pragas é bastante comum, mas muito agricultor ainda erra. Nada adianta simplesmente “lançar” inseticidas na lavoura e esperar eles agirem. Um eficiente planejamento deve se fazer presente.

Controle de Pragas

Como já dito, primeiramente deve haver uma eficiente identificação do tipo de praga a ser combatida, visto que as pragas agem de forma diferente entre si. Umas ficam na parte área das folhas (moscas, pulgões, besouros e vespas), outras são ditas subterrâneas (lagartas rosca, brocas de colo, cigarrinhas e percevejos) e as distais das folhas (grilos, pulgões e moscas brancas).

Cada uma destas formas demanda controles específicos. Para pragas aéreas o agricultor precisa fazer a aplicação aérea de inseticidas, por meio de pulverizadores e atomizadores.

Já para as pragas da parte subterrânea ou mesmo para as que atuam nas extremidades distais das folhas, o agricultor deve investir no tratamento das sementes com inseticidas ou na aplicação direta no sulco de semeadura (aplicações inoculantes).

A tecnologia de aplicação também é parte fundamental em busca da eficiência. Na qual, o agricultor deve se preocupar com o tamanho da gota, volume de pulverização e ajuste do equipamento de pulverização.

Por fim, a aplicação de inseticidas depende da condição climática, visto que alguns fatores podem influenciar a eficiência da pulverização como vento, temperatura e umidade relativa.

O devido treinamento do aplicador também é ação fundamental.

6. Como evitar a resistência das pragas na lavoura?

Essa preocupação é fundamental, já que o uso indiscriminado de defensivos agrícolas nas lavouras vem sendo o principal causador da resistência de pragas no mundo todo.

Portanto, ações que visem evitar essa resistência são fundamentais. Veja quais são as ações mais eficientes a seguir.

  • Adoção do vazio sanitário: medida fitossanitária que visa proibir o cultivo da cultura no campo durante a entressafra, objetivando a redução da presença de pragas;
  • Seguir a recomendação dos fabricantes: Por economia, muitos agricultores promovem redução de dose e o uso de subdoses dos inseticidas. Isso favorece a resistência. Por isso, tanto a dose quanto os intervalos indicados para rotacionar os produtos químicos devem ser seguidos segundo a prescrição do fabricante.
  • Redução da frequência de aplicação de defensivos: Nesse aspecto, realizar monitoramento populacional de pragas pode ser uma ferramenta valiosa para o manejo da resistência.

Utilizar produtos somente quando as densidades populacionais da praga estão acima do nível designado para dano econômico, pode reduzir consideravelmente o número de aplicações, reduzindo assim a pressão de seleção de pragas.

Por fim, a preservação de inimigos naturais nas áreas agrícolas pode contribuir no controle de pragas com consequente redução da resistência.

7. É possível fazer o controle de pragas na agricultura orgânica de forma eficiente?

Sim, é totalmente possível. A agricultura orgânica é uma atividade que vem crescendo rapidamente no Brasil e tem por característica central o compromisso com a organicidade e sanidade da produção de alimentos. Ou seja, o uso de defensivos químicos ou inorgânicos para o controle de pragas é bastante restrito.

Basicamente, na agricultura orgânica o controle de pragas se baseia em manejos preventivos, caso da adoção de práticas culturais adequadas, processos mecânicos e biológicos e a utilização racional dos recursos naturais disponíveis.

Assim, dentre os métodos de controle de pragas preconizados pela agricultura orgânica, relacionam-se:

  • Diversificação dos sistemas produtivos: O agricultor orgânico sempre se preocupa com a diversificação de sua unidade produtiva, implementando distintas explorações vegetais e animais. Tal ação evita a monocultura que é mais vulnerável a incidência de pragas e doenças.
  • Manejo orgânico do solo e melhor nutrição vegetal: é cientificamente comprovado que solos ricos em matéria orgânica e equilibrados com nutrientes essenciais às plantas, com boas condições físicas e grande atividade biológica são menos suscetíveis às pragas. Portanto, nutrir bem a planta e manter o solo rico são fundamentais para controlar as pragas.
  • Métodos físicos e mecânicos de controle: O emprego de armadilhas luminosas, barreiras e armadilhas mecânicas, coleta manual, adesivos, embalagem da produção a campo, uso de calor e frio são métodos eficientes de controle de pragas sem o uso de produtos químicos danosos ao meio ambiente. Geralmente são mais utilizados na agricultura familiar.

Quer deixar as pragas longe da sua lavoura? Então leia mais este post sobre o tema. Se ainda tiver dúvidas, deixe-as em nossos comentários!

catálogo de fertilizantes para controle de pragas

Rolar para cima