Saiba como obter as boas (e evitar as más) interações entre nutrientes nas adubações
Engana-se quem pensa que a quantidade de nutrientes enviadas para as plantas nas adubações é o único aspecto importante para o pleno desenvolvimento das lavouras. Existem uma série de variáveis que podem interferir na maneira como esses nutrientes são absorvidos e utilizados pelas plantas — uma delas, muito importante, diz respeito às interações entre os próprios nutrientes.
Isso porque as plantas não absorvem o fertilizante em si, mas sim os elementos que compõem cada fonte nutricional. Uma vez em solução, os nutrientes encontram-se na forma de íons livres, podendo possuir cargas positivas ou negativas. E porque esse conhecimento é tão importante para o produtor? Por que essas interações podem tanto favorecer quanto dificultar o processo de absorção dos nutrientes.
A ação positiva que pode surgir da interação entre os nutrientes é denominada sinergia e ocorre quando a presença de um elemento favorece a absorção de outro elemento, proporcionando um efeito benéfico para a planta. É, portanto, uma condição que deve ser explorada ao máximo para aumentar a eficiência da adubação — e, consequentemente, aumentar a produtividade da lavoura.
Quando tratamos de interações negativas, temos duas possibilidades de fenômenos: a inibição e o antagonismo.
Na inibição, a presença de um elemento em alta concentração diminui a absorção de outro elemento. Pode ser dividida em inibição competitiva, que quando os dois elementos competem pelo mesmo sítio (local) de absorção pela planta e inibição não competitiva, quando os sítios de absorção são diferentes para cada elemento.
O antagonismo ocorre quando a presença de um elemento diminui a absorção de outro, independentemente de sua concentração no meio. Sendo assim, é uma associação negativa, indesejada, e deve ser evitada nesses tempos em que se busca a otimização da produção.
Desta forma, a relação de sinergia pode ser descrita como um processo de absorção de cargas opostas (+/-) em que os nutrientes “se ajudam” quando aplicados em conjunto. Já os de cargas semelhantes (+/+ ou -/-) formam uma relação inversa, ou seja: o excesso de um desses nutrientes prejudica a absorção do outro.
Pode-se afirmar que, no processo de absorção de nutrientes realizado pelas plantas, é essencial promover o balanço entre cargas positivas (cátions) e cargas negativas (ânions).
Fornecer nutrientes com cargas sinérgicas entre si, portanto, otimiza o processo de absorção. Do contrário, quando fornecemos nutrientes em que as cargas entre os elementos são iguais, cria-se uma condição de “competição” pela absorção, o qual consequentemente terminará por causar um quadro de deficiência de um desses elementos – e, consequentemente, perdas de produção.
Confira alguns exemplos de interações entre os nutrientes*:
Interações NPK**
O nitrogênio possui grande influência no desenvolvimento do sistema radicular, especialmente quando está na forma amoniacal, além de aumentar a eficiência da adubação fosfatada, que também afeta positivamente o desenvolvimento radicular.
A diminuição da taxa de nitrificação para manter o nitrogênio do solo na forma amoniacal é proporcionada pelo íon cloreto.
Assim, o cloreto de potássio aplicado junto com a ureia ou o sulfato de amônio pode por mais tempo o N na forma amoniacal, ampliando o sistema radicular e aumentando a absorção do fósforo do solo ou do adubo.
É fundamental, portanto, que, ao elaborarmos nosso plano de adubação, haja balanceamento entre os macronutrientes e os micronutrientes, para o bom desenvolvimento das plantas e dos microrganismos benéficos do solo. Estes nutrientes devem estar no solo desde o início do desenvolvimento das culturas, quando é maior a taxa de absorção dos mesmos.
Escolha certa
A indústria moderna oferece ampla gama de fontes nutricionais e, conhecendo-as, fica mais fácil fazer escolhas mais assertivas. Daí a importância de se utilizar formulações balanceadas e equilibradas, tanto para aplicação via solo (como nos casos dos produtos da Microsolo) quanto via foliar (caso da linha Multifol, da Multitécnica), que considerem as interações entre os nutrientes já na sua elaboração e explorem a sinergia entre os nutrientes, além de prever soluções para evitar possíveis relações antagônicas, como a presença de agentes quelantes e complexantes, por exemplo.
Com uma boa análise do rótulo já é possível verificar o percentual de cada nutriente contido no produto (bem como suas matérias-primas), escolher os mais adequados para determinado manejo e, principalmente, otimizar as possíveis interações entre os nutrientes.
Desta forma, gera-se uma série de benefícios: por exemplo, evita-se perdas e desperdícios de fertilizantes, maximiza-se a absorção dos nutrientes mais importantes para determinada fase fenológica da cultura, além de escolher as relações entre os nutrientes mais adequadas para cada estádio de desenvolvimento da planta.
Fontes
* MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral das plantas. São Paulo – SP : Agronômica Ceres, 1980. 251 p.
** YAMADA, T. Melhoria da eficiência da adubação aproveitando a interação entre os nutrientes. Informações Agronômicas número 100 – Dezembro/2002
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