Nos últimos dias, estamos acompanhando uma das maiores e mais tristes tragédias do Brasil. Ocorrida na cidade de Brumadinho (MG), quando uma das barragens de rejeitos da Vale estourou e lançou um mar de lama de rejeitos de mineração por muitos quilômetros causando muita destruição, centenas de mortos e prejuízos incalculáveis principalmente para a agricultura regional.
Certamente o prejuízo humanitário dessa tragédia foi imenso e será lembrado por muitos e muitos anos. Mas o prejuízo ambiental também foi gigantesco, deixando dolorosas cicatrizes, visto que a grande maioria dos produtores – que tinham a agricultura como sustento principal – perderam absolutamente tudo.
Por isso, diversas ações emergenciais vêm sendo apresentadas tanto pelos governos federal e estadual quanto pela mineradora para que a região de Brumadinho consiga, ao menos, minimizar os efeitos dessa tragédia sobre sua agricultura.
Agricultura familiar: Segundo maior gerador de renda da cidade
Antes da tragédia, a cidade de Brumadinho tinha na agricultura a segunda atividade mais realizada pelos seus moradores, estando somente atrás da mineração. Estimativas indicavam que de cada dez famílias moradoras da cidade, quatro vivem da terra.
A participação da agricultura mostrava o quão importante era o potencial da cidade em produzir alimentos via agricultura familiar, abastecendo a região metropolitana de Belo Horizonte, fato comum em boa parte do território nacional.
Segundo dados obtidos junto ao IBGE, dos 20,5 mil hectares de lavoura do município, 17 mil são de produtores individuais, sendo que a maior área plantada era destinada à pastagem.
Mas a produção de hortaliças e frutas destinadas ao abastecimento da capital mineira também tinham grande destaque na região. Nesse sentido, a prefeitura da cidade de Brumadinho sempre buscou estimular a agricultura familiar e a produção de orgânicos.
Ainda de acordo com o IBGE, os vegetais mais produzidos na região eram: banana, laranja, mexerica, limão, goiaba, maracujá, tomate e batata doce. Já o efetivo animal era de pouco mais de 14 mil cabeças de bovinos e quase 10 mil cabeças de suínos.
Brumadinho era também caracterizada por fazer parte da chamada rota da Cachaça, devido a presença de muitos alambiques na região.
Perdas ligadas à agricultura em decorrência da tragédia de Brumadinho
Ainda são vagas as informações das perdas decorrentes da tragédia ligadas diretamente à agricultura. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por exemplo, divulgou que são 180 agricultores afetados pela tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais.
O MAPA se reservou a dizer que os afetados são todos pequenos produtores e que todas as medidas serão tomadas para diminuir o sofrimento e as perdas deste desastre.
Outra preocupação relaciona-se a oferta de água na região. O mar de lama de resíduos rapidamente chegou ao rio Paraopeba que abastece toda a região, matando-o lentamente e tornando a água imprópria para consumo e até para irrigar áreas não afetadas pela tragédia.
Além disso, dias após a tragédia já foi observado um aumento significativo na mortandade de peixes, caracterizada por ser outra importante fonte de renda para as comunidades ribeirinhas da cidade.
Medidas emergenciais para auxiliar os produtores de Brumadinho
Diante da tragédia, tanto o governo federal quanto o estadual anunciaram diversas ações que integram um pacote de medidas de socorro à população de Brumadinho, que tende a sofrer com as consequências do rompimento da barragem por muito tempo ainda.
Este pacote de medidas estará relacionado principalmente ao apoio de familiares de mortos e desaparecidos. Mas existirão também algumas ações diretamente ligadas à recuperação da agricultura da região.
O Ministério da Cidadania, por exemplo, liberou aporte extra de R$ 300 mil para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na cidade. Somado ao repasse que já é realizado regularmente, serão aplicados R$ 420 mil na compra de produtos dos agricultores.
Essa medida visa assegurar o comércio dos itens produzidos nas lavouras, além de beneficiar a população que está em uma situação de forte insegurança alimentar após a tragédia.
Além disso, uma ação conjunta do Banco do Brasil, da Caixa e do Ministério da Economia irá liberar o seguro-defesa aos pescadores de Brumadinho que foram afetados pelo desastre. Com isso, a ideia é assegurar a renda de pescadores diante dessa tragédia que afetou seriamente o rio Paraopeba.
Por outro lado, a Vale – principal responsável pelo desastre – anunciou que irá fazer duas doações voluntárias às famílias atingidas pelo rompimento da barragem.
Um dos valores será de R$ 50 mil, para os moradores da chamada “zona de impacto”, que tiveram suas propriedades atingidas pela lama. O outro valor será de R$ 15 mil, e será destinado para as pessoas que tiveram suas atividades profissionais afetadas, onde se incluem os pescadores e agricultores.
De fato, essas ações são caracterizadas como emergenciais e são importantes para quem perdeu tudo, mas infelizmente a agricultura regional irá sofrer por anos e mais anos com esse triste crime ambiental e humanitário, portanto todo o aporte financeiro deve se manter e até aumentar.
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