A agricultura brasileira é sujeita, constantemente, a ataques de diferentes pragas ao longo de seu ciclo produtivo. A ação de pragas pode diminuir a produção ou até mesmo atacar toda a lavoura, a ponto de dizimá-la na sua totalidade! Estimativas da FAO dizem que, ano após ano, o mundo perde entre 20% e 40% dos rendimentos de culturas devido a danos causados por essas pragas e doenças.
Para manter o controle de pragas, você, no papel de produtor rural, deve agir como se estivesse em uma “guerra”. E para proteger sua cultura, o combate tem que iniciar o quanto antes. Neste post, vamos apresentar as “armas” e as principais táticas para vencer essa batalha, além de seus adversários, ou seja, fungos, insetos, plantas daninhas, bactérias em geral. Acompanhe.
Em uma guerra no controle de pragas, você deve conhecer seus adversários
A primeira ação que você deve tomar é conhecer seus adversários, suas forças e capacidade de destruição.
Dentre todos os desafios que o produtor rural enfrenta, um dos maiores pesadelos são as pragas. Elas se alastram por lavouras e pastagens podendo causar prejuízos incalculáveis.
Existem muitos tipos de pragas que causam danos à agricultura, incluindo insetos, fungos, espécies de plantas invasoras (conhecidas como plantas daninhas), e doenças epidêmicas, causadas por vírus. Há pragas que atacam as folhas, outras a germinação da planta e as raízes, e ainda aquelas que podem ser responsáveis pelo crescimento anormal das folhas e frutos ou a diminuição de número de plantas por unidade de área. Todas elas dificultam o limiar normal de crescimento da planta e impactam diretamente no financeiro da atividade.
Insetos
Causam danos diretos às culturas e incluem pulgões, gafanhotos e formigas que atacam anualmente culturas de todos os tipos, causando fortes prejuízos e, até mesmo, destruindo toda a produção. Os gafanhotos, por exemplo, se alimentam de gramíneas, como pastagens nativas ou cultivos de arroz, cana-de-açúcar e também o milho, provocando muita destruição. Outro exemplo de praga em ocorrência nas plantações é a mosca-branca, que acarreta prejuízos que comprometem de forma irreversível a sustentabilidade de sistemas agrícolas.
Plantas Daninhas
Também conhecidas como plantas invasoras, as plantas daninhas são plantas indesejáveis, oportunistas que podem se infiltrar e competir com as espécies plantadas em lavouras, sequestrando seus nutrientes, dificultando a luminosidade e competindo pela água com as plantações de interesse comercial. Elas causam significativa redução na produtividade, e, consequentemente, reduzem a receita do agricultor.
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Fungos
Representados por mofos e bolores, os fungos podem atacar as sementes após o plantio, além de folhas, ramos, talos, flores e os frutos das plantas, chegando a levar à perda completa de uma plantação caso não sejam tomadas as medidas necessárias. São exemplos de fungos de solo espécies dos gêneros: Fusarium, Phytophthora, Pythium, Sclerotium, Sclerotinia, Verticillium e Rhizoctonia. Eles são considerados os principais causadores de danos à cultura agrícola no mundo todo.
Bactérias e vírus
As Doenças provocadas por vírus e bactérias causam uma devastação generalizada no setor agrícola, tendo como vetores principais os insetos e os mamíferos. Elas podem, por muitas vezes, se espalhar rapidamente entre as culturas e populações, sendo praticamente impossível a sua eliminação depois de estabelecidas. A ação de bactérias e vírus geralmente é constatada por meio de manchas na planta (caule, folhas e frutos), que devem ser observadas com bastante cuidado, objetivando seu combate o mais rápido possível com medidas de controle de pragas.
Os adversários que você deve enfrentar na batalha contra as pragas são muitos, cada um com seu mecanismo de ação e sua capacidade de causar sérios prejuízos a lavoura. Geralmente, a grande maioria das pragas é facilmente visível na lavoura e, quando não são vistas a olho nu, após o ataque das mesmas, os sinais são observadas nas folhas ou frutos.
Assim, para que você não realize uma ação de controle de pragas sem necessidade, o recomendado é realizar a inspeção da área uma ou duas vezes por semana, acompanhando todo o desenvolvimento da plantação. Caso observe alterações, você deve identificar os agentes, para, assim, tomar a decisão mais acertada.
Identificado-as, é hora de escolher as melhores ações para controle das pragas
Numa guerra, escolher corretamente as armas, considerando o poder de ataque e defesa dos adversários é essencial. Com as pragas, não é diferente. Você deve escolher os produtos a serem utilizados seguindo essa regra. Cada agente químico, físico ou biológico deve ser selecionado para atingir exatamente a espécie de praga que afeta sua propriedade.
Entre as principais ações químicas para controle de pragas temos os herbicidas, fungicidas e inseticidas, cada um com seu limiar de ação, especificidade e toxidade. Vamos a eles:
Herbicidas
Os herbicidas são os responsáveis pelo controle de plantas invasoras, popularmente conhecidas como plantas daninhas, interferindo o crescimento e desenvolvimento destas. Isso se dá por meio de vários ‘modos de ação’ (MOA), que variam dependendo do composto químico utilizado. Em última análise, bloqueiam a germinação das sementes ou o estabelecimento de mudas, impedem a produção de carboidratos essenciais, proteínas ou lipídios (óleos e gorduras) pelas plantas, além de desidratar folhas e caules das invasoras.
Um número bastante variado de herbicidas é conhecido. O primeiro lugar no ranking cabe aos que são à base de glifosato, herbicidas sistêmicos não seletivos, ou seja, que eliminam qualquer tipo de planta daninha, sem distinção.
Fungicidas
São tipos específicos de pesticidas que controlam doenças fúngicas por inibir ou matar especificamente o fungo causador da doença. Os fungicidas podem agir de diversas maneiras, e nem sempre matam os fungos de forma direta, visto que há os antiesporulantes, que inibem a produção de esporos, e os que inibem a germinação de esporos por determinado tempo, denominados fungistáticos. No mercado de defensivos, há os fungicidas químicos e biológicos, sendo que os segundos são mais sustentáveis e seguros do ponto de vista ambiental.
Inseticidas
Durante todo o século passado a utilização de inseticidas foi considerada um dos principais fatores para o controle de pragas, e, consequentemente, aumento da produtividade agrícola, No mercado de produtos químicos, existem diversas formulações de inseticidas para todos os tipos de pragas e que são utilizadas para controlar insetos em todos seus ciclos de vida.
Os inseticidas são classificados de acordo com sua composição química:
- Organoclorados – altamente tóxicos com características cumulativas na cadeia alimentar;
- Organofosforados – menor grau de toxidade, sem características cumulativas no organismo;
- Carbamatos – apresentam toxidade aguda média e baixo acúmulo no meio ambiente;
- Piretroides – aplicados no controle de moscas pretas, mosquitos da malária, baratas, percevejos e pulgas, sendo solúveis em água.
Cuidados básicos para ações de controle de pragas
Na agropecuária, os trabalhadores que vão aplicar os agrotóxicos podem ter sua saúde afetada, assim como os mananciais de rios, as nascentes, o lençol freático e o solo podem ficar poluídos por muito tempo se não forem tomados cuidados básicos no controle de pragas.
Para isso é importante que você, no papel de gestor da propriedade, forneça todos os equipamentos de proteção individual aos seus funcionários, bem como treinamento de como usá-los. É importante, também, que sejam aplicadas as quantidades certas de pesticidas, além de seguir a periodicidade das aplicações, para evitar a resistência das pragas e a poluição ambiental.
Porém, antes de combater as pragas, a melhor tática é a prevenção para que elas não apareçam na cultura! E a correta fertilidade do solo é uma ótima opção.
Use os fertilizantes a seu favor
O combate de pragas quando elas já estão estabelecidas é muito complicado, caro, danoso e muitas vezes, ineficaz. Já as ações preventivas, geralmente, são mais baratas e bem menos danosas, como a manutenção do solo em solo em condições saudáveis, por meio do uso de fertilizantes.
Muitos especialistas garantem que a capacidade de uma cultura agrícola de resistir ou tolerar ataques e doenças está intimamente associada a propriedades físicas, químicas e, mais particularmente, biológicas do solo. Práticas saudáveis tendem a recuperar e manter os níveis altos de matéria orgânica no solo e a diversidade da macro e microbiota, promovendo uma melhoria na saúde das plantas.
Neste contexto, relações entre a biota acima do solo e abaixo da superfície do mesmo constitui um passo-chave na construção de uma estratégia verdadeiramente eficaz na prevenção e controle de pragas. Qualquer fator que melhore fisiologicamente a planta, como a adubação, está potencialmente ligado a mudanças na resistência a pragas: solos que são eficientemente fertilizados têm culturas com maior capacidade de resistir a ataques, e vice-versa.
Mas você deve ter cuidado, pois as práticas de fertilização podem ter efeitos indiretos na resistência de plantas, por modificar a composição nutricional delas. O nitrogênio total (N) é um exemplo: ele tem sido considerado um fator nutricional crítico mediando a abundância e a aptidão de herbívoros. Estudos demonstram crescimento do número de pulgões e ácaros em resposta ao aumento da aplicação de nitrogênio, pois a maior oferta de nutrientes da planta pode aumentar sua aceitabilidade como fonte de alimento para populações de pragas. O uso de fertilizantes em excesso, na ilusão de maior crescimento da planta, pode ser um erro grave.
Portanto, se você quer vencer essa guerra no controle de pragas (e, se possível, nem entrar nela), deve preparar o solo da maneira correta, adotar os níveis recomendados de fertilizantes e, caso precise lançar mão de produtos de combate, utilizá-los da forma mais sustentável possível. Aqui no blog da Multitécnica escrevemos um artigo completo sobre fertilizantes com tudo o que você precisa saber, quer entender um pouco mais? Confira aqui.
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